LAR: Obrigado por aceitar o meu convite para essa entrevista. O que você acha do mito do homem-lobo?
J. Modesto – O prazer é todo meu, Leonardo! Eu é que agradeço pelo convite! A lenda do homem-Lobo, ou Lobisomem como se convencionou chamar, é extremamente interessante. O Lobisomem exprime todo o lado animalesco do ser humano e, mesmo com sua aparência pouco galante, vem se tornando, depois dos vampiros, um dos ícones do gênero terror mais admirados. Quando os homens-lobo se encontram com os Sugadores de Sangue, o sucesso é garantido, vide a trilogia dos filmes Anjos da Noite e o novo filme da série Crepúsculo, o Lua Nova. A lenda do lobisomem, tal qual a dos Vampiros, é universal e está presente em muitas culturas. Em meu livro ANHANGÁ – A FÚRIA DO DEMÔNIO trato de uma dessas lendas onde ao invés do ser humano ser amaldiçoado em se tornar um lobo, é o lobo que possui a maldição de se tornar um homem.
LAR: Você já tinha algum conhecimento sobre lobisomens antes de ser chamado para fazer o prefácio de Metamorfose?
J. Modesto – Como disse, meu livro ANHANGÁ apresenta uma das lendas dos homens-lobo, é claro que com uma certa licença poética e algumas adaptações ao nosso folclore. A utilização desses seres fantásticos em meu livro obrigou-me a uma pesquisa sobre o assunto. Também tenho, em desenvolvimento, uma outra obra onde os lobisomens são o foco, mas não sei quando chegará ao público. Um bom livro sobre o assunto é LOBISOMEN – UM TRATADO SOBRE LICANTROPIA, de Sabine Baring-gould, editora Madras, também editado pela editora Aleph, com o titulo de O LIVRO DOS LOBISOMENS
LAR: A literatura fantástica nacional esta evoluindo nesses últimos anos?
J. Modesto – Mas é claro que sim, mas como acontece com tudo em nosso país, sem muito apoio da mídia. A Literatura Fantástica Nacional vem enfrentando o mesmo problema que o cinema nacional enfrentou, o preconceito. A grande maioria acredita que o que vem de fora é bom e o que é fabricado aqui falta qualidade, ledo engano. Temos muita coisa ruim que vem de fora, mas vende por causa da mídia e do modismo. Há livros de autores nacionais muito bons, mas que permanecem na obscuridade por falta de apoio, divulgação e preconceito ao que é nacional. Como exemplo posso citar o autor James Andrade cuja a obra GETSÊMANI – A VERDADE OCULTA não deve nada a nenhuma que vem de fora. Temos, também, OS GUARDIÕES DO TEMPO, de Nelson Magrini, que se fosse estrangeiro, certamente estaria brigando com HARRY POTTER. E não podemos esquecer da experiente Giulia Moon que acaba de lançar seu primeiro romance KAORI – PERFUME DE VAMPIRA. Como você poder ver, a Literatura Fantástica Nacional não vive só de André Vianco, no que diz respeito ao gênero Terror.
LAR: Como surgiu a idéia para o livro Anhangá – A fúria do demônio?
J. Modesto – Como fã ardoroso de H. P. Lovecraft e assíduo leitor de Stephen King, acabei por adquirir uma característica comum aos dois, escrever minhas histórias no ambiente em que vivo. Stephen King gosta de ambientar suas narrativas em Maine, Lovecraft em Providence e eu em São Paulo, apesar de meu objetivo ser vinculá-las, de alguma forma, ao Brasil em geral e sua história. Meu primeiro livro, TREVAS, se passa na capital Paulista e tem demônios e vampiros como protagonistas. Querendo ser um escritor versátil e não ficar taxado como “escritor de vampiros”, decidi que meu próximo livro teria outra temática que não fosse os sanguessugas. Nessa época estava lendo “O Guarani”, de José de Alencar, e pensei, Porque não fazer uma história de terror utilizando o folclore indígena? Tomada a decisão, parti para as pesquisas históricas necessárias que me consumirão quase oito meses de trabalho. Vocês não sabem como pé difícil encontrar material sobre o modo de vida dos índios antes da vinda de Cabral.
LAR: O vampiro é amplamente visado com o passar do tempo, os filhos imortais de Bram Stoker sempre voltam a ter destaque. O que falta aos lobisomens para ter o mesmo poder sedutor dos vampiros na literatura?
J. Modesto – Boas histórias e uma melhor compreensão do que vem a ser um lobisomem. O vampiro representa o lado sedutor e galanteador do ser humano, algo que fascina. Quem é que não quer, mesmo que por um breve instante, ser sedutor e irresistível? Já o Lobisomem expõe o lado animal e instintivo do ser humano, deixando explicito os sentimentos primários como a raiva, a violência e a força predadora, acrescida a sua aparência grotesca. Quem quer ser assim? Quem quer expor seu lado animal? Mas como disse, se os autores souberem explorar tais características com habilidade, a alcatéia será tão amada e idolatrada como os filhos de Bram Stoker.
LAR: Como autor o que acha desses Best Sellers estrangeiros?
J. Modesto – Tem muita coisa boa, mas tem muito lixo que só vende por causa da mídia que os acompanha e do modismo que produz. Existem autores nacionais que se tivessem as mesmas oportunidades que alguns Best Sellers, certamente teriam o mesmo desempenho.
LAR: Os novos autores de fantasia vêm conseguindo espaço nas editoras?
J. Modesto – Sim. A GIZ EDITORIAL é um exemplo de investimento em autores brasileiros. Se você pegar o catálogo da editora verá que, diferente da maioria, quase que 95% é composto de obras de autores nacionais. Algumas outras editoras de menor porte estão investindo nesse filão. Podemos citar a TARJA e a NÃO Editora, dentre outras. Editora Grande? Bem, isso é outra história. Mas ainda estamos gatinhando. A Literatura Fantástica Nacional só vai alcançar sua maturidade quando todos os envolvidos – Autor, Editoras, Distribuidores, livrarias, imprensa e leitores – se conscientizarem de que o que temos é bom e não devemos nada a ninguém.
LAR: O que planeja para destacar o prefácio da obra?
J. Modesto – Ainda estou trabalhando nisso. Só sei que falar que o livro é bom e pedir para que as pessoas o leiam é, pra mim, no mínimo canalhice. Um prefácio deve trazer informações sobre o tema tratado abrindo o interesse pelo assunto para que o leitor não fique apenas na leitura do livro em si, mas busque mais, extrapolando as páginas da obra que leu. Espero conseguir isso com o prefácio que estou preparando para Metamorfose.
LAR: Você possui outros projetos fora da literatura?
J. Modesto – Sim, mas todos interligados com a escrita. Está em desenvolvimento um projeto de um audiobook e de uma quadrinização com a arte feita por mim. Além disso, existe um roteiro de um livro inédito sendo trabalhando por uma produtora que, se tudo der certo, poderá vir a se tornar uma minissérie, mas isso ainda está beeeem no começa!
LAR: Quais as suas expectativas sobre a Metamorfose?
J. Modesto – Ótimas! Com o lançamento do filme Lua Nova e da refilmagem do clássico O Lobisomem, os nossos amigos peludos estarão em evidência. Sob a organização competente de Ademir Pascale, Metamorfose tem tudo para se tornar um ícone para os lobisomens, como o foi Amor Vampiro para os filhos de Bram Stoker.
LAR: O que acha de Antologias destacando novos autores nacionais?
J. Modesto – As antologias são ótimas oportunidades para aqueles que querem tornar-se escritor. É através desse tipo de publicação que o candidato a ingressar no universo da escrita toma contato com tudo que rege esse mundo das letras. Fãs, editoras, revisões, capas, vendas, legislação, prazos, etc, tudo isso irá atormentá-lo e servirá de teste para sua nova carreira. Passada essa fase, a evolução natural o levara para os trabalhos solos e as antologias transformar-se-ão em encontros esporádicos com outros amigos escritores, comemorando a alegria de escrever, tal qual foi AMOR VAMPIRO para mim.
LAR: Gostaria dizer algo antes de encerrarmos essa entrevista?
J. Modesto – Apenas agradecer, mais uma vez, o convite para a entrevista e pedir a todos que não deixem de comparecer ao lançamento de METAMORFOSE, cuja data e local será divulgada em momento oportuno!
Um Grande Abraço a todos!
J. Modesto
Ótima entrevista.Parabéns, ao Leonardo e J. Modesto. Gostei das dicas para os novos escritores. Abaços de sucesso!
ResponderExcluirGostei muito da entrevista, parabéns Leonardo e J. Modesto.
ResponderExcluirLogo estaremos no lançamento do Metamorfose...(rs) Um forte abraço.
Ótima entrevista, Modesto. Respostas diretas e contundentes. Parabéns.
ResponderExcluirGrande abraço!